CECILIA MEIRELES: 120 ANOS.
No universo nascia uma estrela. Uma das maiores expressões líricas da poesia do século XX. Uma mulher feminina e delicada como o seu gênero preceitua, de olhar luminoso, sereno e profundo, que derramava no papel toda sutileza que reverberava em sua alma.
Uma primavera cheia de verão; um enigma; uma jazida de rubis, esmeraldas e diamantes; um oceano e um universo... tudo cintilava em seus olhos azuis esverdeados, pacíficos como o falar dos mineiros e marcante, como a fibra varonil desse mesmo povo bravio e tenaz, do qual descende o herói Tiradentes.
O Romanceiro da inconfidência e os Cânticos, como em toda obra dessa escritora, assemelha-se a flor que encanta pela delicadeza, sem camuflar os espinhos existenciais, mas encara-os com lirismo que não entorpece ou aplaca a rigidez da realidade, antes conduz a análise profunda dos meandros em que se alicerça o bem e o mal, o sorrir e chorar, o ser e o não ser... a interminável música do Vida.
A MULHER QUE CANTA porque o momento existe. De fato, "o canto é maior que a vida e a razão" porque é intangível e, por isso, insondável, vizinho da eternidade. Quem enxerga A POESIA desse mistério se permite não ser alegre nem triste, mas simplesmente POETA.
O lirismo do gênio desta flor, germinada a sombra do pavilhão das Minas Gerais que proclama LIBERTAS QUAE SERA TAMEN, concebeu "Liberdade - essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!" Com um verso de seus Cânticos, conclui-se está singela reverência ao gênio lírico dessa rosa que tem muitos motivos: "Não faças de ti um sonho a se realizar. Vai."
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