domingo, 13 de fevereiro de 2011

RECEITA DE FELICIDADE

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Dizem que felicidade não existe, mas sim momentos felizes. Sobre essa questão não tenho intenção alguma de pronunciar uma resposta definitiva, contudo não ignoro que sendo o momento algo fantástico, a sucessão de vários momentos felizes, cause extasia sem entediar, projetando no corpo um bem-estar cuja nascente se dá em um espírito repleto de leveza e serena alegria, qual rio caudaloso que, incontinente, caminha na direção do mar ultrapassando qualquer obstáculo que possa ser posto em seu curso.

Se para o corpo sentir os reflexos de uma felicidade é preciso um espírito – alma – igualmente feliz... Fazer brotar essa felicidade n’alma se mostra tarefa tanto mais prazerosa quanto necessária. Plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho: quem nunca ouviu dizer ser essa a receita para ser feliz?!

Talvez, por isso, Victor Hugo certa vez disse que “a suprema felicidade da vida é ter a convicção de que somos amados”. De fato, ter um filho é meio caminho andado para ser amado e amar de forma extraordinária. Contudo, existem aqueles que não podem ser pais ou mães e se aquela receita realmente for infalível estas criaturas já estão condenadas a infelicidade.

Mas pode a felicidade condensar-se em bens corpóreos ou circunstâncias? “Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons”, já dizia Carlos Drummond de Andrade. Não obstante o poeta não tenha tido a intenção de responder positivamente a indagação formulada, soam suas palavras como respaldo a uma insofismável certeza alimentada por este indigno jardineiro de palavras que ora vos fala: a felicidade é simplista.

Ser simples é ser humilde, ser humilde é ser sábio, ser sábio é ser feliz. Que ninguém se iluda. A sabedoria simples não se encontra nos bancos de faculdade, tampouco em um doutorado ou no alcance de um conhecimento científico elevado sobre o átomo, o universo ou coisa do tipo. As vezes pode está em, simplesmente, saber fazer um castelo de areia na beira da praia, mesmo sabendo que a onda virá e o desmanchará.

“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho” (Mahatma Gandhi). Talvez em se tratando de felicidade esta seja a única “verdade verdadeira”. Certa vez, em uma de minhas idas ao Tribunal de Justiça do Maranhão, ouvi falarem que “uma pessoa feliz abraça pelo menos doze pessoas por dia”. Essa receita foi dada pela Sra. Adriana, responsável pela coordenadoria das câmaras cíveis daquele órgão, que na oportunidade explicava: cada abraço é uma troca de fluído, de energia, e de abraço em abraço canalizamos afetivas positividades através do tato, quando no abraçar há reciprocidade.

Nesta matemática da felicidade, certo é que, uma criança feliz, por exemplo, sorri pelo menos umas seis vezes por minuto, já um adulto... Quando sorri seis vezes por dia já é um milagre e quando sorri, ou melhor, para sorrir necessita de motivos para tanto, o que para a criança é irrelevante. Crianças sorriem de tudo, até do mais insignificante acontecimento; sorriem do nada, sem motivo algum. Isto me faz lembrar outra vez Carlos Drummond de Andrade: “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.

Se há infelicidade no mundo, a receita para uma vida feliz deve ser elaborada por cada um no íntimo de suas necessidades. Mas se for válido uma advertência, que a busca por essa receita não se dê de forma obcecada a ponto de preocupando-nos tanto em encontrar a fórmula perfeita, acaso a encontremos, tenhamos por lamentar não ter mais disponibilidade de tempo para pô-la em prática, fazendo com que sobre a nossa busca se faça recair o dizer de Mário Quintana:

“DA FELICIDADE
Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!”


A felicidade é simplista. Jamais nos esqueçamos! Assim quem sabe um dia nos seja lícito parafraseando Johann Goethe dizer também: “na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira”. Para tanto, não é demais lembrar os romanos: Ex abundanctia enim cordis os loquitur (A boca fala do que está cheio o coração).
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§§ - Publicação dedicada a alguém especial que com seu jeito de ser muito colaborou sendo umas das fontes de inspiração das linhas desta postagem.
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Créditos: Imagem 01 - Acessado em 12/02/2011, disponível em: http://go.microsoft.com/fwlink/?Linkld=121315