CASTRO ALVES: POESIA & LIBERDADE.
"Sehor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!"
Há 150 anos é uma poesia de saudade que ecoa declamada pela liberdade, da qual consagrou-se paladino. No ano de 1871, o poeta e acadêmico de de Direito, que já definhava a desilusão de um grande amor, fazia seu vôo mais alto, rumo ao intangível que decantava nos versos de sua poesia humanitária, com a qual declarou guerra ao ódio.
Com efeito, racismo nada mais é que ódio; e, à humanidade, pois pressupõe existência de raças distintas e superiores entre si, absurdo de quem se vangloria na torpeza que cega e aliena, na bestialidade de ignorar que raça só existe uma: a raça humana.
Poeta dos Escravos, que cedo amargou a experiência funesta de ficar órfão de mãe, da luminosidade intelectual e espiritual adquirida ao longo de uma vida que, apesar de fugaz e boemia, alicerçada na fraternidade.
Contemplava a humanidade na essência da alma de cada indivíduo e não na quantidade de melanina. Por isso mesmo, expirou envolto em claridade, num dia ensolarado, acamado à beira de uma janela onde o sol se derramava, com todo fulgor, por voltas das 15 horas. Bendito seja quem semeia a fraternidade e a esperança e na trincheira do cotidiano, não foge à luta, nem se acovarda de bradar contra a degeneração do gênero humano.
Que os versos de teu "Navio Negreiro" te garantam o sortilégio de navegar horizontes largos de Eternidade. Que ao clarão da profética luminosidade de tuas palavras repouse altaneiro teu Eu lírico de poeta e teu humanitário coração romântico que amou o amor e odiou o ódio com a mesma intensidade: voraz, frenético e substancial.
Descansa anjo bendito, que nos versos de tua lira ainda hoje fala ao coração: "ódio ao ódio, amor ao amor. Poesia para vida... e, seja qual for, que seja bem vivida, sentida e medida somente com recíproca do amor que irmana e diviniza.
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