Tu és um mito de saber do meu Brasil
Jovens alunos somos teus guerreiros
Trago no peito o teu nome com orgulho
José de Anchieta apóstolo brasileiro.
Tua bandeira simboliza a luta
Tuas cores vivas sempre a cintilar
Azul, vermelho e branco são mais fortes
Meu Anchieta orgulho de todos nós.
Minha Pinheiro te abraça tanto
São esses laços que me faz feliz!
José de Anchieta somos todos nós
Lutando pela educação deste país
Com estas estrofes do hino da Unidade Escolar José de
Anchieta da cidade de Pinheiro-MA, da qual com orgulho sou egresso, começo a
tecer as linhas desta que é uma simplória homenagem que emana do imperativo de
justiça que se sintetiza na máxima que “a justiça é a vontade constante e
perpetua de dar a cada um o que é seu”. Os bons devem ser lembrados, lembrá-los
é questão de justiça.
José de Anchieta, é um brasileiro que, como diria meu
confrade Agnaldo Mota, por acidente geográfico nasceu em outro país. De fato,
nasceu a 19 de março de 1534, na Laguna de Tenerife, arquipélago das ilhas
Canárias - Espanha e nestas terras brasilienses chegou ainda jovem, com 19
anos, como noviço da Companhia de Jesus; aqui foi ordenado padre para não mais
sair. Dedicou sua existência empregando a exaustão de suas forças em prol do
anúncio do Evangelho sem perder de vista, em sua catequese, a necessidade de
vê-lo ganhar vida no cotidiano, pelo que também muito se esforçou.
Em 2014 foi declarado Santo em um processo canônico de mais
de 400 anos; tanta demora foi pelo fato da necessidade de obediência canônica a
exigência da comprovação de milagres. Ora, no rastro de luz deixado pelos
passos de Anchieta, rebrilha com especial luminosidade não só os clarões da fé
que abraçou e que lhe fez atravessar rios, mares e oceano, mas também de modo
todo especial e belo o resplendor da instrução pautada em uma educação, no
mínimo, edificante e prova disto é o fato de que a maior cidade do Brasil – São
Paulo – conserva o nome daquele colégio fundado por José de Anchieta em 1554, o
qual se tornou embrião da metrópole em torno da qual o progresso fez morada e a
educação é referência para o país.
Anchieta é, portanto, sinonímia da causa da educação,
apostolado que hoje tem por zeladores, no gigantismo do nosso Brasil
continental, a generosidade de almas intrépidas e aguerridas que abraçam o
magistério por sacerdócio régio. A semente por ele lançada germinou, cresceu,
deu frutos e embora a educação que hoje é ofertada aos brasileiros esteja longe
de ser a ideal, a mais simplória educação é melhor que o implacável
obscurantismo da total ignorância.
A educação liberta, quem é paladino da liberdade e
pacificamente a promove sem o emprego da violência, tem méritos de taumaturgo,
pois a liberdade, sendo instrumentalidade do livre arbítrio, por si só, é uma
portentosa bênção e uma fecunda graça. Eis o grande legado deste homem que com
esmero fez da educação religiosa um paradigma para todas as outras formas de
educação e as maneiras de educar. Com todo o respeito as normas canônicas, ante
o milagre da educação que promoveu, já não era sem tempo a canonização de
Anchieta que ferrenhamente condenou a escravidão dos indígenas.
Com efeito, hoje pedagogos da estirpe de Paulo Freire e
Jean Piaget chamam a atenção para a necessidade do professor ser dinâmico,
deixando a laterre aquela postura de senhor da verdade,
assente na certeza de que o processo de conhecimento possui estágios e que ao
final tanto o docente como o discente sai ganhando, pois o conhecimento sendo
um continuo processo, jamais poderá ficar prisioneiro da ideia de que alguém
sempre ensina e outro sempre aprende, antes é síntese da simbiose em que aquele
que apreende também ensina e vive-versa, ainda que não na mesma proporção.
Ocorre que há 400 anos José de Anchieta já havia despertado
para esta necessidade e, na educação religiosa dos indígenas, usou de teatro,
aprendeu a língua Tupi, fez-se poeta e até a musica recorreu, tudo para melhor
transmitir a mensagem do conhecimento que tinha a oferecer e a prova de que
suas atitudes estavam corretas foi a crescente conversão de indígenas ao
catolicismo, aos quais também ensinou o latim, língua na qual a missa
antigamente era celebrada. Nesta Terra de Santa Cruz, foi o primeiro zelador do
“Apostolado da Educação” instituído pelo vigor e a abnegação de seu espírito elevado,
através do estudo e da elaboração da primeira gramática referente a língua
Tupi: atitude sensata de uma alma generosa e humilde que preferiu colocar-se ao
encontro do outro, usando de empatia linguistica a ter que impor sua cultura
linguistica de qualquer modo.
A gramática elaborada pelo sacerdote jesuíta, só foi
publicada em 1595, na cidade lusitana de Coimbra, ocasião sobre o título "Arte
da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil" e associada a Carta
de Pero Vaz de Caminha, figura na história da ancestralidade e da
contemporaneidade brasileira, baluarte da instrução na qual se congregou
colonizador e colonizado na miscelânea que gerou a identidade e a singularidade
da brasilidade da civilização sui generis que se formou em
terras tupiniquins, dona de uma alegria que desafia qualquer adversidade e não
desiste jamais: eis o perfil da brava gente brasileira .
Neste ano de 2015, por deliberação da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Aparecida-SP, São José de Anchieta,
a muito cognominado Apóstolo do Brasil, foi aclamado Co-padroeiro do Brasil. Da
minha parte há uma grande admiração ao exemplo de vida de Anchieta, não por
menos em meu brasão profissional cunhei no listel uma expressão latina que
remete uma grande lição deste precursor da pedagogia moderna: “caminhante não
há caminho, o caminho se faz ao caminhar”
A este homem religioso e de luta, aguerrido defensor da
liberdade dos mais fracos, vulneráveis e menos instruídos; a este santo poeta e
que, na sua sensibilidade, fazia poesias rabiscando versos nas areias das
praias, aonde a maré vinha enamorá-los, conduzindo-os no vai e vem das suas
águas para a imensidão do oceano... Meu respeito, minha admiração e o fervor da
prece de minha oração.
São José de Anchieta; rogai por nós. Apostolo do Brasil;
rogai a Deus pelos professores para que lhes inflame, no coração e na alma,
intrépido vigor capaz de combater a opressão, fazendo-lhes paladinos da
liberdade que rebrilha ao clarão da instrução!
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