O dia era 22 de novembro, o ano 1906, a cidade de Missão Velha-CE, na casa de Manoel Privado Marques e dona Maria Alexandrina Marques, nasce a pequena Cecília, a neta de dona Genoveva.
Com a seca de 1915, todo o Ceará sofreu bastante. A família Marques teve perdas irreparáveis: a fome e a seca resultaram no óbito de uma das irmãs de Cecília. Desolado, seu Manoel juntou a numerosa família juntamente com os demais conhecidos e vizinhos e se pois em macha até o Maranhão, foram mais de trinta dias caminhando a pé, em caravana, até a cidade de Pedreiras-MA.
De Pedreiras, a família mudou-se novamente e fixou residência em Pinheiro-MA, onde Cecília conheceu Alípio (um pinheirense filho de cearenses) e constitui família. Dessa união surgiu a Família Marques Souza, da qual descende minha avó paterna.
Minha Cecília conheceu padre Cícero Romão Batista, conheceu Lampião e Maria Bonita. Viu o cangaço de perto, viu a fome, a seca e o desespero. Faleceu em São Luís do Maranhão, no ano de 2006, lúcida e com uma memória invejável: datas, números, acontecimentos, tudo sua memória guardava com facilidade, além da eximia habilidade de decorar textos, ladainhas, rezas, benditos etc.
De tudo quanto foi, para mim é mais profundo aquilo que ainda é e sempre será: "minha bisavó, minha Vovó Cecília"; dado afetivo e consanguíneo que jamais se acabará. Ao redigir estas linhas, a memória, como brisa que é, sopra por assim dizer um furacão com uivos de saudade e nas lembranças que arrasta me traz a visão da parede de seu quarto, lá em Pinheiro, onde por cima da mesa onde colocava remédios e alguns caixas com com anotações e pequenos pertences, se via em um quadro com motivos florais: "que aquilo que nos separe não destrua o que nos une".
Não separa e nunca separara. Para sempre Cecília, uma lembrança, uma memória, um amor e uma grande emoção, radiante como o sol de verão.
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