O número sete, para os iniciados
da numerologia e astrologia, tem uma natureza arcana que de certo modo projeta ao infinito. Não sou iniciado em tais áreas
e das mesmas tenho conhecimento superficial, motivo pelo qual não discuto se
assiste ou não razão a esse modo de pensar. Contudo, reflito nesta data sobre
os dois: o número sete e o infinito.
Há sete anos uma pessoa que me é
cara foi habitar o infinito. Seu nome, Domingos Esmeraldo de Araújo; seu
legado, um censo de retidão e justiça extraordinário associado a uma
inteligência incomum de uma simplicidade extrema temperada de severa picardia.
Nascido entre os povoados de Rio da Prata e Palestrina, próximo de Pinheiro-MA, em 21 de fevereiro de
1921, filho de Hipólito Silveira e de dona Inocência Gomes Silveira (parteira
de enorme fama), foi criado por seus padrinhos batismais, os quais também lhe
deram o sobrenome Araújo. Apesar de ter recebido sobrenome diverso daquele de
seus pais biológicos, nunca deixou que os laços sanguíneos se rompessem.
Foi marido de mais de duas
mulheres e pai de aproximadamente vinte filhos. Como do seu primeiro
relacionamento amoroso os filhos nascidos foram registrados sem qualquer menção a seu nome, na qualidade de pai, a todos os demais filhos também não
registrou. Ruindade? Não. Apenas um censo de justiça segundo o qual se
registrasse os últimos não seria justo com os primeiros.
Assim, justifica-se o fato de que no meu registro de nascimento não consta nome de avô materno. Contudo, com ele convivi, tive experiências
fantásticas como pescar; passar dias em seu sítio, ver todo o processo da
fabricação da farinha desde o plantio da mandioca até o beneficiamento da mesma
na casa do forno; extrair guarimã; preparar e tomar vinho de buriti e murici;
apanhar perdizes entre outras experiências que só se vive e sente no campo.
Foi-se o homem, ficou o nome. Assim falou alguém no cemitério Santo Inácio a hora que o sepulcro era fechado. Ficou o nome e nele
impregnado a solidez do infinito de um
sentimento bom. Dele não se pode dizer que fosse dado a externar manifestações públicas
de carinho ou afetos, embora de fato nutrisse enorme estima pelos seus. Porém era deveras respeitador e gentil no tratar sem
jamais renunciar a sua personalidade bem definida e consistente: seu sim era
sim, seu não era não, não havia meio termo quando era preciso dizer e definir o
certo do errado, só é pena que fazia com muita severidade, mas fazer o que?!
Toda rosa tem espinhos.
Enfim... O tempo passou, ontem
era presente e hoje só o infinito e o rastro luminoso das virtudes vivenciadas
que relativizam a austeridade da severidade com a lembrança risonha do exemplo
de justiça, retidão, inteligência. Vigor fenomenal e virilidade que o tornaram “um
homem de palavra”.
A este homem de palavra, uma
palavra, no plural – como eram suas virtudes: saudades.
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