segunda-feira, 28 de setembro de 2015

EMANCIPAÇÃO PINHEIRENSE

No dia 03 de setembro de 1856 o Presidente da Província do Maranhão, Antônio Candido da Cruz Machado, assina a Lei Provincial n° 439. Eleva à categoria de Vila a antiga sesmaria indígena demarcada pelo Capitão-mor Lusitano Ignácio José Pinheiro e batizada como o nome de “Lugar do Pinheiro”. 
Anos depois – 1920 – o ato deságua na criação do município homônimo.Naquele ano bissexto de 1856 – ano do nascimento de Freud – uma peste varre a capital da Província do Maranhão e faz sucumbir dezenas de pessoas diariamente. Todavia, nos campos de Pericumã o progresso sopra com tenacidade e sustenta-se na agropecuária bovina e no cultivo de roças de milho, feijão, mandioca e congêneres.
O Brasil apresenta-se uma monarquia, o Maranhão uma enorme província e a capitania de Cumã um rincão banido das benesses da civilização da época pelo isolamento, sobretudo geográfico. Este é o cenário no qual a antiga Freguesia de Santo Inácio do Pinheiro ascende ao patamar de Vila e EMANCIPA-SE. Sabe-se através dos relatos Cesar Marques, coligidos no célebre Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão, que o “Lugar do Pinheiro” sofreu bastante com o descaso das autoridades daquela época, pois não havia qualquer assistência religiosa, tampouco social, embora altíssimos impostos fossem cobrados.
O magno três de setembro, com desfiles estudantis e demais pompas, é realidade que procede do vigor intrépido da boa gente deste torrão, que de longas datas enfrenta as adversidades sem perder o ânimo e nem a picardia.Mas por trás da festividade que possibilita o presente se irmanar ao passado através da comemoração do acontecimento, fica a reflexão de que aquela vila que hoje é cidade, está perdendo a emancipação conquistada com bastante luta. Provo.
Flagela a sociedade deste século a penumbra do obscurantismo que desponta sob o patrocínio da ignorância. E não é sem razão: faltam escolas, faltam políticas públicas para uma educação de qualidade e acima de tudo se está faltando com o respeito aos professores, sonegando-lhe um salário compatível com a dignidade inerente ao oficio que exercem.
A realidade salta aos olhos, o curso de medicina instalado em Pinheiro não possui nenhum pinheirense entre os matriculados. Seria isto um reflexo da falta de interesse dos nossos jovens pelo referido curso? Não. Isto é um reflexo de uma educação limitada e que, como tal, promove discrepâncias sociais e abismos de desigualdades.
A noção de emancipação perpassa o indivíduo, nas várias áreas da atuação humana, para poder conceber-se em uma sociedade. Um povo educado não pode ser dominado e é a liberdade (na acepção mais substancial do que sugere) um reflexo que comprova e mensura o grau de emancipação de um homem, de uma cidade, de um país.
Promoção da educação com esmero e qualidade garante a verdadeira emancipação. Enquanto isto não retrata um aspecto social que direciona os rumos de sociedade, não há progresso, há retrocesso e toda espécie de atraso, principalmente intelectual. Será essa a explicação para o fato do território da Princesa da Baixada atualmente ser pouco mais que a metade da época em que tornou-se cidade?
Pedro do Rosário e Presidente Sarney são dois municípios que se encontram onde outrora era território pinheirense. Sem nenhuma objeção ou convicção de caráter depreciativo aos referidos municípios, é imperioso despertar para uma consciência holística e de emancipação, urgentemente, antes que o retrocesso nos sufoque a ponto de retirar todo o fôlego.
Avancemos com o coração feito escudo e lança. Paladinos de uma educação de qualidade, formemos fileiras contra o obscurantismo na defesa da nossa dignidade de pinheirense para que a emancipação conquistada por nossos avós se plenifique a cada geração.

Salve Pinheiro!

                 Acd. Mauricio Gomes Alves.

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P.S: Discurso proferido, pelo Acd. Agnaldo Mota, no Salão Nobre da Usina de Ideias por ocasião de Sessão Solene da Academia Pinheirense de Letras Artes e Ciências, alusiva a emancipação política do Lugar do Pinheiro.