domingo, 29 de agosto de 2010

Silêncio e paz


A dor quando é autêntica e sincera, dir-se-á que emudece pela exaustão. Assim li em um prefácio de livro dedicado a perpetuar a memória de uma pessoa, pinheirense por sinal.

Refletindo sobre tais palavras e acima de tudo experimentando, na própria carne, a concretização das mesmas nestes dias de agosto em que a realidade fez-se para mim por demais travosa e amarga, cheguei a algumas conclusões que não são por assim dizer dogmas, senão para mim que as proclama com a debilidade de minhas fragilizadas forças a quem a vida, outra vez, testa a resistência impondo a dor de uma perda/separação.

São palavras que encontram-se entre a racionalidade e a emoção, naquela tênue linha em que a dor emudecendo pela exaustão impõe o silêncio; aquele silêncio que se auto proclama soberano e hoje mais do nunca se faz exigível e única comunicação possível para mim que, uma vez mais, contempla na silenciosa chama do consumir de uma vela, uma procissão de lembranças que diante do último adeus a alguém querido desfila diante dos olhos.


In memoriam de Júlio Theodorico Alves
* São João de Cortes - MA 01/07/1909.
+ Pinheiro - MA 28/09/2010.

SILENCIOSAMENTE

De todos os ritmos e as melodias
Que as notas musicais podem criar
E dos sentimentos que fazem aflorar...
São do silêncio as doces sinfonias
Aquelas que hoje meu coração se põe...
Em confluência de emoções a ti cantar
Com a saudade de quem em silencio ficou!

De todas as belíssimas partituras
Tal qual letras adormecidas no papel...
Ressonando diante do olhar dos homens
És tu dentre tantas criaturas
A que a lembrança faz meu ser soluçar...
E impelido por saudades buscar
Através dos olhos que o pranto jorrou
Sentir-te presente na imensidão do céu
Qual maestro no comando do concerto.

Como o fogo em vão desafia a água
Assim, pois é de minha parte loucura
Afogando-me em mil recordações
Lembrado as pegadas que deixou teu pé...
Pensar que tua física falta inverto!
E se assim o é, é no oceano da fé
Que afogo nas lembranças tuas
A tristeza de não ter tua companhia

Mas como a loucura ignora...
O impossível; não aceita a razão
Enquanto cruel se faz a realidade
Eis o silêncio nobre loucura.
A partitura que a ti quero cantar
Silenciosamente em meu coração!

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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

1ª Missa do Maranhão


Era pela altura do meio dia. Na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, secular convento ludovicense que atualmente pertence aos frades capuchinhos, os sinos em toques festivos dobravam; e se passando por perto alguém sentia-se convidado a subir as escadarias daquele templo e adentrá-lo, por anfitrião encontraria o Santíssimo Sacramento que do altar dava as boas vindas a quem chegava.


Findo o dobrado dos sinos, a bênção do Santíssimo foi ministrada e logo em seguida teve início missa festiva com um esmero ímpar. E tudo porque era doze de agosto. Foi cheio de alegria que disse o frei Lázaro: Hoje, 12/08/2010, é uma data muito especial: há 398 anos um capuchinho rezava a primeira missa no Maranhão.


Para mim não foi surpresa a notícia, mas motivo de felicidade; pois vi alguém que também dá tanta importância à data e pesquisa sobre a história religiosa do Maranhão. Mas notei que na assembleia muitos foram os que ficaram pasmos com o anúncio, certamente por serem ignorantes sobre tanto.


Aproveitando o comentário do frei, observei algumas coisas: a primeira missa foi celebrada por um franciscano; os 400 anos daquela missa será celebrada em 2012, ocasião em que o doze de agosto recairá sobre um domingo, dia do Senhor, dia que tem tudo a ver com missa; se o governo da arquidiocese de São Luís não sofrer mudanças, o arcebispado terá a frente, em 2012, Dom Belisário, um franciscano.


O que dizer? Nada! silenciar-se é o melhor e nesse silenciar apenas meditar as palavras do Papa Leão XIII: as coincidências são elegâncias de Deus.

Deus salve o Maranhão!

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais

P alatino
A mor
I ncondicional

P rimazia
A ugusta
I mutável

P alavra A natômica I ndivisível
P olivalente A mparo I noxidável

PAI

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A um "FRADI" nada convencional.

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A VIDA É REGIDA PELA IMPREVISIBILIDADE. Assim disse certa vez Ayres Britto, em um dos mais célebres julgamentos do Supremo Tribual Federal: o julgamento da constitucionalidade do uso das células-tronco embrionárias.

Imprevisibilidade! Faca de dois gumes. Com o mesmo ímpeto com que surpreende de forma nefasta para anunciar contrariedades e negatividades, por vezes também sabe surpreender com bons ventos. Entretanto, nem sempre este último momento ocorre com a mesma proporção do primeiro.

Hoje foi um desses dias em que imprevisivelmente a vida surpreendeu-me com um desses momentos em que as circunstâncias impõem uma despedida. É por essa razão que reler umas palavras escritas há algumas primaveras muito me é salutar, não porque falem de despedida, que aliás foi o que hoje o viver obrigou-me experimentar, mas antes de tudo porque diante da adversidade aprendi com um poema o quanto palavras tem poder.

As últimas linhas daquele poema, escrito nos verdes anos de minha adolescência, nunca ficaram em vão ou perderam-se no vento. Ao contrário, para mim sempre foram qual prece que subindo aos céus feito incenso, é sempre atendida.

É como faço. Dirijo palavras a um amigo que tenho e que é "fradi". Um "fradi" diferente que em seu jeito de ser ensinou-me que homens não se despendem dizendo "tchau" e sim "falou".

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SONETO DE DESPEDIDA

Antes castigo, trabalho pesado
Que uma difícil despedida
Que machuca e o ser mergulhado...
Em saudades deixa... Vida ferida.

Adeus... Palavra triste, amarga...
Em breve... Esperança renovada.
Nos adeuses e em breves da vida...
Saudade. Sim; ela é embalada.

Da amizade fica a lembrança
Na recordação imortalizada
Mas chega a hora dolorida

Co’alma cheia de esperança
Não digo adeus, sim até breve.
Até lá luz... Alegria... Bonança!
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Falou!
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