domingo, 6 de janeiro de 2019

ADEUS A MESTRA ZEZÉ MELO.

AS ESTRELAS O ESPLENDOR E AOS MESTRES O RESPLENDOR.

Faleceu no dia 4 de janeiro de 2019, ao alvorecer do dia, quando o sol despontava nos campos de Pericumã, a professora Maria José Melo, carinhosamente conhecida por Zezé Melo. Mulher de um sorriso discreto, como a sua personalidade, e contagiante como o vigor com que lecionou, ensinando gerações de pinheirenses. O velório aconteceu na casa 143 da Rua Floriano Peixoto, no bairro Antigo Matadouro, na cidade de Pinheiro-MA, onde a professora viveu por mais de 40 anos. 

Professora competente e zelosa, exerceu o magistério com amor de mãe, tornando-se, pelo magistério, a mãe de várias gerações de crianças e jovens que a vida colocou em seu caminho como alunos e que hoje são pessoas integras, cidadãos exemplares. Lecionou na Escola da ACREP e na então Escola Estadual Presidente Médice, onde se aposentou.

Tive o prazer de conhecer dona Zezé Melo e, mais ainda, a alegria de desfrutar da simpatia de sua personalidade generosa quando, ainda na infância, estudei o primário na Escola Presidente Médice. A última vez que nos olhamos, foi no dia 30 de setembro de 2018, por ocasião do encerramento do Festejo de Santa Teresinha do Menino Jesus, cuja igreja fica na mesma rua em que morava a saudosa professora.

Naquela oportunidade, participava da procissão da referida santa e, pela primeira vez, vi lágrimas no semblante de dona Zezé que, já adoentada, no terraço de sua residência, estava tomada de grande emoção ao ver o andor de Santa Teresinha, repleto de rosas passar na sua porta, ao som do tradicional cântico "Queremos Deus", carregado por mim e outros jovens, alguns dos quais, creio, eram também seus ex-alunos.

As 8 horas do dia 5 de janeiro, após a cerimônia religiosa de Encomendação do Corpo, oficiada pelo Pe. Paulo Nogueira (pároco da Paroquia de Santo Inácio), o féretro deixou a residência, sendo conduzido a punho até o Cemitério Santo Inácio, por parentes e amigos. No cortejo, havia apenas algumas dezenas de pessoas, porém durante todo trajeto foi possível observar pessoas que de modo silencioso faziam sua homenagem a professora Zezé Melo, das quais ressalto a senhora Marieta (diretora aposentada da Escola Presidente Médice, residente à rua que da acesso ao cemitério), que apesar da idade avançada, colocou-se em pé na calcada de sua casa para ver o cortejo passar.

Estive no velório, fui no enterro e carreguei o caixão, com o sentimento de pesar pelo falecimento, mas com a alma cheia de gratidão a dona Zezé Melo. Aqui acola alguém que carregava o caixão dizia: "foi minha professora"; "uma excelente professora"; "professora como essa não existe mais"; outros ainda diziam " eu aprendi foi com dona Zezé, na época que existia o livro Marcha do Saber". E assim, o enterro chegou ao seu destino, adentramos a cidade para onde todos os viventes, cedo ou tarde, hão de fazer morada. Passamos pelo corredor principal do Cemitério Santo Inácio, convergindo na segunda rua a direita ate o jazigo da família da professora, em frente ao jazigo da Diocese de Pinheiro, onde repousam Frei José Precioza e Pe. Bento Dominici, dois grandes vultos da educação de Pinheiro.

Num último adeus, foi aberta parte da tampa do caixão, que permitia, pelo vidro, olhar a face de dona Zezé que era tão placida e serena, com um semblante de leveza de quem dorme o sono dos justos, com a serenidade de quem cumpriu sua missão, com um aspecto que, sem exagero, não parecia que havia falecido, antes de quem dormia um sono leve do qual a qualquer momento poderia acordar. Se de fato o era, ou se era a emoção da ocasião a me anestesiar a dureza inerente ao clima mórbido do cemitério... O fato que é que essa foi a minha impressão ao ajudar carregar e depositar o caixão no túmulo.

Mas de tudo ficou uma certeza que cada vez mais em mim se consolida: "os bons sempre serão lembrados". Muito obrigado por tudo dona Zezé Melo, as estrelas iluminem teu percurso ao céus e de lá resplandeça a alegria sem fim dos benditos, pois como já dizia Castro Alves...

Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a\palma.
É chuva – que faz o mar!

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