quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

PASSAGEM: SINTAXE MORFOLÓGICA DE VIVER.


Passagem é substantivo que assinala uma transposição demarcada pelos adjetivos que a definem, ao tempo em que também é verbo-sentimento que se faz conjugar pelos pronomes próprios oblíquos e pessoais que cada um adota ao fazer essa transposição, sobretudo existencial, que tem no grau de definição ou indefinição dos artigos que acompanham o substantivo passagem, o êxito das projeções almejadas nessa simbólica conjugação-substantiva de “passar”.

E várias são as passagens e tanto mais incomensuráveis as maneiras de passar, assim como as locuções adverbiais – sobretudo de dúvida utilizadas para condicionar as de meio e determinar aquelas de modo – que os mais astuciosos predicados possibilitam na coordenação e subordinação das orações, não raro “sem sujeitos” e em perene construção nas assindéticas e sindéticas formas de viver.

E o viver, verbo ou interjeição existencial, quem poderá dizê-lo? Resultado quase sempre dos superlativos de superioridades que inferiorizam o gênero, tomando tudo por numerais frios quase sempre utilizados para contabilizar grandezas no singular possessivo dos pronomes: pessoais e extremamente subjetivos das primeiras pessoas do singular subjuntivo e indicativo... Somente desaparecem para reinar no imperativo chancelado pelo egoísmo do subjetivismo em sua forma mais singular possível.

Mas “o viver passa” e se esse verbo-substantivo de “passagem” pode conjugar aquele verbo – viver – no infinitivo de voar, de esperar, de acreditar, de se emocionar, de sorrir e de chorar, de sonhar e de se deleitar nas possibilidades de parafrasear o infinito na busca ininterrupta de felicidade: substantivo próprio e ao mesmo tempo adjetivo pátrio e de estado que se conjuga no superlativo plural da singular conjunção de vida que alimenta a interjeição de sonhar e realizar... O viver, sim, ele se faz passagem e a passagem se faz viver e de passagem em passagem o viver vive-se e passa-se em linha frágil que quando rompida o exila no passo do passado de onde a passagem ao porvir não é possível!

A vida é passagem, contínua passagem que leva e que traz e viver... Viver é arte de saber fazer passagens de um lado a outro desse mister que sendo passagem é efêmero, porém também eterno, porque a passagem, no mais autêntico significado da expressão, é aquela via onde o ir e o vir são possíveis a qualquer instante e, exatamente por isso, viver e está vivo é consequência de quem passa pela vida fazendo do presente a passagem que interliga o ontem e o hoje permitindo livre acesso de ambos os extremos (do que foi e do que virá) através dessa via de mão dupla em sua mais delgada espessura: o presente instante, antífona do porvir que o interliga ao que já foi no seu pretérito mais-que-perfeito.

E se passagem é tudo isso, passagem também é ponte e viver é saber andar sobre essa ponte com aquela sintonia própria das regências verbais, espalhando locuções adjetivas de esperança no cultivo de adjunto adnominais de primaveras que promovam vocativos de serenidade aos afagos de apóstrofos de luz que ilumine sem ofuscar a visão, a fim de que se tenham garantidas as possibilidades de desabrocharem os verbos transitivos da incondicional felicidade, alicerçada nas preposições de equilíbrio, concórdia, cordialidade e determinação que resultem em harmoniosa e pronominal via abstrata que parta do âmago d’alma para a concretização externa, cujo elo entre uma e outra seja, como não poderia se pensar diverso, a passagem.

A pouco, não muito tempo, um ano passou. Houve passagem do ano, que já vai ficando velho, para ano que aos poucos vai se tornar novo. Que as passagens que essa passagem passa, passe em passagens infinitas de verão com o soprar primaveril da solidez do outono e com o frescor do refrigério das chuvas de inverno naquele frasear de metáforas definidas pelos artigos da alegria substantiva que acompanham o “ser do ser”, no vacativo-predicado de existir, em todos os tempos e modos de todas as conjugações de viver.

Sobretudo fica a certeza que tudo passa, mas como ensina a sabedoria popular "Deus permanece", assim como também permanece a passagem um ritual e ao mesmo tempo efêmera-eternidade que por vezes sugere renovação, esperança e quase sempre mudança que não raro ocorre desapercebida, mas que se condensa de tal forma em expressões-preces que se proclamam antes, durante e depois da passagens.

A mais universal das passagens, a passagem de ano, simplesmente, é saudada com uma palavra antes e outra depois do ANO: a primeira feita prece: FELIZ; e a segunda feita sonho: NOVO. Da constatação da passagem, a esperança alinhava as certezas às preces e aos sonhos e chancela ao porvir a continuação da construção das muitas passagens que a passagem de ano, por si só fomenta, promove e alimenta. Ante o ano que finda e aquele que nasce, seria prudente dizer feliz passagem de ano, todavia passar por algo também é caminhar de mãos dadas com esperança e se por curiosidade alguem julge prudente ouvir a esperança... Bem, ai cada um terá uma resposta, mas no presente instante a resposta seria igual a todos: FELIZ ANO NOVO!

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