Então outra vez tudo é novidade. Outro ano se inicia sob os auspícios do
imprevisível e ao afago de
esperanças. Então é ano novo e a novidade se faz sinônimo de possibilidades e
estas se engendram ao cálido desabrochar de desejos.
De fato, os desejos são aquilo que nos
impulsiona. O homem é movido por desejos, constantes e intermináveis desejos
que se multiplicam a medida que se vive, a todo instante. Que no ano que
se inicia, os desejos sejam bons. Desejo a todos a um ano poético e o faço com
está bela poesia do imortal Lêdo Ivo, sugestivamente intitulada
"Desejos".
DESEJOS
Não quero a eternidade
A trama interminável
de uma roca que fia
um dia pós um dia
na duração perpétua
Quero ser o que passa:
A leve nuvem branca
Que se desfaz no espaço
A fumaça de um jato
No céu vazio e claro
Não me agrada ou seduz
viver após viver.
Antes quero o relâmpago
Que rasga o céu sombrio
Uma folha de álamo
No chão de uma viagem
E a chuva momentânea
Que cai sobre as cidades
Prefiro um vôo de pássaro
a tudo que é eterno.
A tudo que é durável
Prefiro o perecível.
A sombra fugidia
No dia luminoso
Dos narcisos e rosas;
Os instantes que regem,
Na noite indecorosa
O amor dos amantes
Seus gritos e gemidos;
A pétala fugaz
Ferida pelo outono.
Contenta-me o trajeto
entre uma porta aberta
e uma porta fechada
em plena madrugada
ou na manhã mais cândida.
O meu Deus é relâmpago,
O breve esplendor
Antes do grande sono.
Recuso-me a durar
e a permanecer
Nasci para não ser
e ser o que não é
após tanto sonhar
e após tanto viver.
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