terça-feira, 28 de abril de 2020

1920 - 28 de abril - 2020

UMA ODE A PE. PEDRO PAULO SAMBALINO

                     (Chegada dos Missionários do Sagrado Coração ao Brasil, em agosto de 1946) 


Na bela Florença, do renascimento italiano, berço de Dante, Leonardo Da Vinci, Michelangelo, no dia 28 de abril de 1920, vem ao mundo Pierpaolo (Pedro Paulo) Sambalino, nasce em família católica, filho de pai médico.

No centenário do nascimento de meu querido padrinho, resplandece para mim a lembrança do legado de seu sorriso, o testemunho da fé que abraçou, que o tornou padre e fez renunciar a si mesmo para deixar sua pátria, o conforto de sua família e o ares da bela Florença com apenas 26 anos para, como apóstolo da esperança, levar a Boa Nova de Cristo além mar.

Na recordação desta data, rebrilha em minha memória o vulto da batina bege com a qual andava vestido, tremulada ao vento em suas muitas andanças, já um tanto quanto curvado pelo peso de suas responsabilidades, mas sempre sorridente, ainda que com a fronte avermelhada pelo sol e pingando de suor pelas ruas de Pinheiro-MA visitando as famílias.

Ainda na adolescência abraçou o carisma da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a causa do apostolado de anunciar o Evangelho, com o propósito de que AMADO SEJA POR TODA PARTE O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. Assim, deixou sua terra natal e foi para Roma, preparar-se para abraçar o sacerdócio. 

Corria o ano de 1939, o jovem de 19 anos de idade ainda era noviço e a congregação dos Missionários do Sagrado Coração recebe do Papa PIO XII a incumbência de cuidar da recém criada Prelazia de Pinheiro - MA, do outro lado do Atlântico.

Em plena Segunda Guerra mundial, é ordenado sacerdote, em 18 de julho de 1943, com apenas 23 anos de idade. No dia seguinte, celebra sua primeira missa em um cenário de horror: durante três horas seguidas a Itália é bombardeada, especialmente Roma.

Em decorrência da guerra os Missionários do Sagrado Coração veem postergada a oportunidade de assumir a missão que lhes foi confiada. Terminada guerra, a referida congregação, envia Monsenhor Afonso Maria Ungarelle, com mais 8 padres ao Brasil, os quais aportam em Pinheiro, no porto da Faveira, na madrugada do dia 15 de agosto de 1946. 


(Homenagem das Alusuras no dia 28/04/2020)

Naquela madrugada, entre aqueles religiosos chega o jovem Padre Pedro Paulo Sambalino, com 26 anos e apenas três anos de padre, para desbravar horizontes e conceber um novo horizonte a partir do Evangelho que flamejante o ilumina a vontade e o querer, fazendo-lhe conceber, ao clarão da fé, a luminosidade sobrepujante ao próprio sol: a Luz de Cristo, presente no ideal de ser Missionário do Sagrado Coração. 

Entre foguetes e ao som do coro das vozes dos fiéis que entoam o tradicional Cântico “queremos Deus”, deixam o Porto da Faveira e sobem a ladeira em direção a igreja de Santo Inácio de Loyola. 

Ao lado dos seus irmão de Ordem, o jovem Padre Sambalino, chegou para ficar e nestas terras brasileiras doar-se; arregaçou as mangas e se pois a trabalhar pelo bem das almas no campo da fé e na esfera social, com tamanho zelo e empenho, com a serenidade de seu sorriso, de sua fala fraterna e acelerada (pelo sotaque da língua italiana) e o seu constante vigor. 

Lecionou História e Geografia no Colégio Pinheirense, foi pároco coadjuvante da Matriz de Santo Inácio de Loyola, mas tornou-se deveras proeminente pela disponibilidade com que fazia desobrigas e, sobremaneira, como diretor espiritual da Legião de Maria em Pinheiro-MA, quando promoveu uma catequese efusiva que resultou em verdadeiro crescimento em quantidade e qualidade daquela associação de leigos.

Após vários anos dedicados a boa gente de Pinheiro, o Pe. Sambalino foi transferido para a arquidiocese de Fortaleza, no Ceará, onde aos Missionários do Sagrado Coração foi confiada a Paróquia de São João Batista do Tauape; lá continuou a desenvolver o mister do múnus sacerdotal.

Das lembranças que trago na vida, uma das mais risonhas é a figura afável e sorridente  de meu padrinho, cuja fé e devoção a Virgem Maria guardo como modelo cristão. No anúncio  do Evangelho, pregou  muito mais com o exemplo de sua abnegada e resoluta personalidade que com palavras. Com o coração, atravessou oceanos e dificuldades as mais adversas, gastou-se e se fez gastar, para que o Coração de Jesus fosse conhecido e amado.

A melhor forma de homenagear o aniversariante não poderia ser senão mandar que fosse rezada missa em sufrágio de sua alma na Catedral de Pinheiro, bem como promover uma singela queima de fogos, tão luminosa quanto a lembrança de meu querido padrinho.

Neste dia de júbilo, rendo graças ao Altíssimo que, na sua infinita bondade, envia-nos pastores segundo o seu coração, para conduzir-nos a Luz de seus desígnios, Ele que é Caminho, Verdade e Vida; caminho que meu padrinho trilhou anunciando a Verdade do Evangelho, no ofertório diário de sua existência, qual rosa que colocada aos pés do sacrário, impávida perfuma sem temer o fim, por que a como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus, “não é bastante amar, é preciso prová-lo” e quem experimenta o amor do Coração de Jesus não pode guarda-lo egoisticamente para si, antes tem que levá-lo  aos outros.

Obrigado meu padrinho pelo ensinamento de teu exemplo e pelo testemunho de quem  fez da vida uma canção de esperança, fiel ao impulso de seu coração altruísta.