domingo, 16 de janeiro de 2011

LIÇÃO EM PLUMAGENS

Pássaros aprisionados em gaiolas, privados de liberdade, cantam de forma sublime e em momento algum seu cântico tem acordes tristes ou enfadonhos; pelo contrário, é belo e vibrante, tem sinfônica vitalidade: que o diga o sabiá! Mas por quê?
                                  (Imagem 01)          

 
A primeira vista pode parecer um contra-senso perder a liberdade e ainda assim se alegrar. Contudo, saber o porquê de tanta alegria impõe a resposta de outra indagação. Mas por que canta o sabiá engaiolado?

                        
Talvez cante porque, apesar de tudo, está vivo já é um motivo de alegria, ou quem sabe cante porque trás no peito a esperança em dias melhores onde novamente possa, livre outra vez, voar. Quem sabe seja porque sendo da natureza dos pássaros cantar e voar, estando privado desta faculdade, realize aquela na tentativa de não deixar de ser pássaro; canta porque sabe cantar e o faz tentando contornar a privação da sua liberdade, para não ficar aprisionado nos grilhões dessa condição de prisioneiro, ou contaminar-se com esse mal imposto, esquecendo-se até de como é maravilhoso voar, ou, o que é pior, desaprender a voar.

Independentemente de qual seja a resposta ou motivo do cantar do pássaro privado de sua liberdade, inegável é a beleza de seu cântico e a alegria que nele ressoa. Que bela lição! Numa perspectiva comparativa, tomando o homem por pássaro, o cântico pode ser tido com a alma, prisioneira nas dimensões do corpo. Apreender como os pássaros é fundamental.

                                                                                                                                           (Imagem 02)

A alma aprisionada no corpo quase nunca canta e se essa prisão sofre a influência de fatores como doenças, dificuldade de ordem financeira e emocional, entre outras, a situação agrava-se e o cárcere, beirando o insuportável, pode que dê azo a práticas suicidas: desespero camuflado de busca por liberdade.

Canta o sabiá ainda que o cenário a sua volta não inspire alegria. Canta porque quem canta seus males espanta, já ensina a sabedoria popular. Canta porque se não cantar as adversidades e as tristezas chegam e se alojam definitivamente.    
                                                                                                              
Cantemos! Cantemos porque a alegria é sublime. Busquemos um motivo para cantar, ainda que tão somente para driblar a tristeza ou simplesmente menosprezá-la. Imitemos os pássaros nessa escola chamada vida. Não permitamos que o espírito se envenene: cantemos!

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